Há muitos e muitos anos, numa cidade banhada pela luz dourada do Mediterrâneo, vivia um homem chamado Nicolau. Era bispo, de barba branca, mitra vermelha e um sorriso que parecia abraçar as pessoas. Mas o mais bonito nele era o coração: enorme, quente e cheio de vontade de ajudar.
Um dia, Nicolau soube que três irmãs estavam muito tristes. O pai, pobre e desesperado, já não conseguia cuidar delas. As raparigas tinham um hábito curioso: todas as noites, deixavam as meias penduradas junto à lareira para secarem do frio da rua.
Nicolau, que gostava de fazer o bem em segredo, pensou num plano. Esperou até a noite adormecer a cidade, caminhou silencioso pela rua e, vendo as meias penduradas, deixou cair dentro delas três pequenos saquinhos de ouro. De manhã, as irmãs encontraram as meias pesadas… e a esperança voltou a encher a casa.
A notícia espalhou-se:
“Foi o bom Nicolau! O amigo que ajuda sem querer aparecer!”
Com o passar dos séculos, a história viajou por mares, montanhas e florestas. Mudou um pouco aqui, encantou mais além, ganhou neve nos países do Norte e chegou até terras geladas onde as pessoas imaginavam Nicolau a viajar num trenó puxado por renas. O nome dele começou a transformar-se: Sinterklaas, Santa Claus, até finalmente…
Pai Natal.
Mas um costume permaneceu igualzinho ao primeiro gesto de Nicolau: pendurar meias na lareira. As crianças acreditavam que, se deixassem a meia preparada, o Pai Natal — herdeiro do coração generoso de São Nicolau — poderia deixar lá um presente, como fizera naquelas noites distantes.
Dizem que, na noite de Natal, quando o mundo fica silencioso e o fogo crepita baixinho, São Nicolau olha para o céu estrelado e sorri. Porque vê milhões de meias penduradas, coloridas, pequenas, grandes, cheias de sonhos — e sabe que cada uma delas é um eco do seu gesto escondido.
E sempre que uma criança encontra um doce, uma noz, uma pequena surpresa dentro da meia… lá muito ao longe, no brilho das estrelas, parece ouvir-se um sussurro:
— O amor cabe até nas coisas mais pequenas… até numa meia junto à lareira.
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